My Personal Learning Environment: um ambiente em permanente construção

 

    Tendo como base as duas bibliografias anotadas de Downes (2007) e Fiedler (2011) e suas disposições sobre os Personal Learning Environments (PLEs), foi realizada um reflexão sobre o meu próprio PLE. Contudo, identifiquei que mais referências eram necessárias a fim de encontrar tanto modelos de referência já testados e parametrizados quanto outras definições que ajudassem a elucidar ainda mais os conceitos em torno do tema. 

    Nesse sentido, a definição de Dron e Bhattacharya (2011), ao definirem um PLE como um conjunto de aplicações interoperáveis que, juntas, formam um ambiente de aprendizagem para o indivíduo, auxiliou numa melhor concepção sobre como se proceder. A ideia de ressignificar ferramentas já conhecidas e conectá-las numa rede combinada de recursos e pessoas torna a ideia de Web 2.0 e de aprendizagem em rede mais claras.

    Entretanto, nas pesquisas realizadas alguns desafios foram surgindo. O primeiro deles foi encontrar um modelo visual de referência dentre aqueles citados na bibliografia consultada. Mota (2009) traz uma contextualização muito abrangente e diversos exemplos (inclusive visuais) sobre modelos de PLE construídos por profissionais e instituições ao longo dos anos, porém a maioria dos links apresentado já não está mais disponível na internet. Muitos deles nem sequer podem ser encontrados em uma pesquisa no Google. 

    Contudo, Mota (2009) trouxe exemplos bem completos sobre os principais projetos de PLE desenvolvidos até 2009. Um deles é a concepção de Downes (2007), que traz três questões que passaram a ser meus guias tanto para compreender os PLEs quanto demais práticas pedagógicas:

  1. Você está no centro de sua rede pessoal de aprendizagem.
  2. Para se beneficiar de aprendizagem autodirigida você precisa ser autodirigido(a).
  3. Estes princípios devem servir de guias sobre como ensinamos tanto quanto sobre como aprendemos.
    Além disso, Downes (2007) sintetiza sua abordagem de PLE em três eixos: a Interação (participação em comunidades de aprendizagem), Usabilidade (simplicidade e consistência na organização da aprendizagem e da gestão do conhecimento) e Relevância (priorização das necessidades, anseios e construção de significado particular de cada estudante). Esses três princípios foram fundamentais para a construção do meu PLE.
    Ainda assim, procedeu-se à pesquisa de algum modelo padronizado para a organização final do PLE. Nesse sentido, o trabalho de Milligan et al (2006) buscou compreender padrões, serviços e ferramentas que pudessem compor um framework para a construção de um PLE. Na opinião dos autores, os padrões identificados configuram potencialidades para a construção de ambientes de aprendizagem eficazes e refletem comportamentos comuns dos usuários. Organizaram, então, esses padrões em nove categorias, as quais nortearam a construção do meu PLE exibido a seguir. Cada um desses padrões está descrito de modo interativo em cada item, bastando clicar no local indicado (também disponível aqui).



    Conforme descrito por Milligan et al (2006) e Mota (2009), esses nove padrões são padrões de: 1) contexto, manutenção de relações, 2) conversação, diálogo, moderação e colaboração, 3) rede, comunicação, 4) recursos, conteúdos, dados, serviços, pesquisa, 5) socialização, perfis, contatos, 6) equipe, partilha, grupos, comunidades, 7) tempo, gestão, 8) trabalho, organização de atividades, tecnologias, sequências, e 9) atividades desenvolvidas durante e para a aprendizagem.
    Durante essa construção, uma série de questões foram surgindo. Uma delas é que, mesmo se apoiando em modelos de referência e padrões pré-estabelecidos, o PLE está em constante construção. Além disso, uma ferramenta enquadrada em determinado padrão pode muito bem fazer parte de outros padrões, servindo a diferentes propósitos dependendo da perspectiva e do contexto de utilização. Isso nos leva a refletir e ressignificar ferramentas que já conhecíamos e/ou utilizávamos, o que também é uma aprendizagem, tornando essa experiência de construção ainda mais rica. 


Referências:

Downes, S. (2007). Learning Networks in Practice. In: Ley, D. Emerging Technologies for Learning. National Research Council of Canada. https://nrc-publications.canada.ca/eng/view/accepted/?id=fa5f5f4d-b6c8-4dac-ab6e-49b75570f988

Dron, J., Bhattacharya, M. (2007). Lost in the Web 2.0 jungle. 895-896. DOI: 10.1109/ICALT.2007.181. 

Fiedler, S.; Väljataga, T. (2011). Personal Learning Environments: Concept or Technology?. International Journal of Virtual and Personal Learning Environments. 2. 1-11. DOI:10.4018/jvple.2011100101. 

Milligan C.D., Beauvoir P., Johnson M.W., Sharples P., Wilson S., Liber O. (2006) Developing a Reference Model to Describe the Personal Learning Environment. In: Nejdl W., Tochtermann K. (eds) Innovative Approaches for Learning and Knowledge Sharing. EC-TEL 2006. Lecture Notes in Computer Science, vol 4227. Springer, Berlin, Heidelberg. https://doi.org/10.1007/11876663_44

Mota, J. (2009). Personal Learning Environments: contributos para a discussão de um conceito. "Educação, Formação & Tecnologias" [Em linha]. ISSN 646-933X. Vol. 2 , nº 2 (2009), p. 5-21.

Comentários

  1. Bom dia Jardel,

    PLE interessante e completo.
    A interatividade apoia a leitura visual já por si só enriquecedora.
    A categoria Padrões de Contexto, assume uma dimensão relacional importante em qualquer situação educacional.
    Obrigado pela partilha.

    Filipe Couto

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    Respostas
    1. Olá, Filipe!

      Obrigado pelos comentários!

      Sim, achei interessante o modelo partir dessa abordagem do contexto justamente por essa razão, já que o estabelecimento da presença online é essencial para a aprendizagem neste contexto.

      Abraços!

      Jardel

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