"Uma pessoa importa?" - Reflexões sobre avaliação na educação e o Método Trezentos

 

    "Uma pessoa importa?"

    Com essa questão, o professor Dr. Ricardo Fragelli (2019) discorre sobre como as práticas educativas e, sobretudo, avaliativas com as quais estamos acostumados(as) excluem diversos estudantes todos os anos. Um raciocínio simples explica como isso acontece: tomemos como exemplo o índice de reprovação em uma disciplina de determinado curso de graduação. Se esse índice estiver, digamos, em 70% é comum o consideramos muito alto e empreendermos esforços para compreender e sanar os problemas que podem estar ocorrendo. Contudo, se esse índice cai para 10% ou 5%, talvez o consideremos normal. Porém, independentemente do número, 70% ou 5%, quem são essas pessoas por trás desses números? Por que reprovam? Ou por que não conseguem um bom desempenho no curso?

    Muitas podem ser, claro, as respostas para essas perguntas, mas Fragelli (2019), em aulas com turmas extremamente cheias, quase trezentos alunos, em uma disciplina com altíssimo índice de reprovação (Cálculo), identificou uma forma de conduzir e avaliar turmas de diferentes contextos com base em um princípio: a colaboração. O professor partiu da ideia do filme 300, no qual os soldados espartanos, enfrentando exércitos muito maiores, definiam táticas de combate nas quais um soldado cuidava de defender aqueles que estavam ao seu lado. A partir desse ponto de vista, o autor criou o Método Trezentos: uma metodologia ativa de aprendizagem que tem como objetivo trazer esse senso de responsabilidade e colaboratividade para salas de aula de todos os níveis e modalidades. 

    Com base nos vários exemplos que cita, Fragelli (2019) demonstra a eficácia do método ao longo dos anos, desde a sua concepção em 2013. Dessa forma, a ilustração abaixo, adaptada do esquema disposto por Fragelli (2019, p. 15), demonstra o passo a passo para implementar o método (clique nos ícones "+" para ver as descrições de cada passo).

    Destaca-se que tal método pode ser aplicado tanto em aulas presenciais quanto a distância, conforme atesta o próprio autor. É possível, então, associar diversos de seus aspectos com características do próprio e-learning e da aprendizagem em rede, como a colaboração, a autonomia, a partilha, a socialização e as várias formas de aprendizagem possíveis, sejam formais, informais ou não formais (Mota, 2009). Nota-se uma combinação de estratégias tanto de trabalho quanto de avaliação, e essa multiplicidade de instrumentos, de momentos, de avaliadores e de recursos também diversifica e favorece a aprendizagem de todos(as).




REFERÊNCIAS

Fragelli, R. (2019). Método trezentos: Aprendizagem ativa e colaborativa, para além do conteúdo. Penso Editora.

Método 300. [online] Disponível em: <http://www.metodo300.com/

Mota, J. (2009). Personal Learning Environments: Contributos para uma discussão do conceito. Educação, Formação & Tecnologias, 5-21.


    

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