Ecossistemas e integração com a sociedade: a extensão universitária como ponte
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Um ecossistema, em sua essência, pode ser compreendido como a convergência de ambientes de interação entre espécies, ambientes e comunidades (Moreira et al, 2020) onde mudanças rápidas acontecem (pois estão vivos), daí a necessidade de promover a organização, a colaboração, a participação, o rápido acesso e a partilha.
Nesse sentido, pensando na sociabilidade entre essas espécies, compreender o que é um ecossistema digital nesta sociedade em rede em que vivemos implica em compreender o que é o próprio social, já que tecnologia é onipresente neste mundo hiperconectado - já dizia Castells (2003) que nem sequer precisamos mais tocar uma interface digital para interagir com ela: basta estarmos próximos a ela. Então, "social" pode ser visto como uma rede onde atores humanos e não-humanos interagem, sendo que um "ator" deve ser encarado não apenas como participante, mas como interventor dessa realidade (Schlemmer e Moreira, 2019).
É aqui que entra outro ponto extremamente importante e que constitui um ponto falho em muitos modelos: o conceito que temos de presencialidade. Se estamos o tempo todo conectados a essa rede - comunicando, interagindo, afetando-nos mutuamente, criando e recriando dependências com esse ambiente -, como podemos separar o que é presencial do que (supostamente) não é com base apenas na presença física? Conforme o Moreira (2020), estamos numa era híbrida, analógico-digital, e o híbrido pressupõe a junção do presencial com o digital e não a sua separação.
Para ilustrar e introduzir uma percepção pessoal deste autor, é utilizado abaixo o ecossistema elaborado por Schelemmer e Moreira (2019).
Ecossistema de Inovação na Educação (Schlemmer e Moreira, 2019)
Observa-se no esquema acima uma forte interação/leitura/comunicação com a sociedade. Esse aspecto constitui uma constante retroalimentação das instituições para com as comunidades com as quais se relacionam - se pensarmos em rede e internet, essa comunidade pode ser tanto local quanto global. Pensando que as universidade são erigidas sobre três pilares - ensino, pesquisa e extensão -, é na extensão universitária que as instituições encontram uma ótima porta de entrada (e saída) para essa interação com a sociedade.
Extensão pode ser entendida como um conjunto de ações (programas, projetos, cursos, eventos, oficinas, etc) para a articulação do saber científico promovido através do ensino e da pesquisa com as necessidades da comunidade onde a universidade está inserida para transformar a realidade social. O Ministério da Educação do Brasil publicou em 18 de dezembro de 2018 a Resolução nº 7 que dispõe sobre a curricularização da extensão e que obriga os cursos de graduação a oferecerem, no mínimo, 10% de sua carga horária total em extensão. Tal ação visa aproximar a sociedade da universidade e criar ações que realmente modifiquem e integrem realidades (Magalhães, 2020).
Se bem exploradas, essas definições (ainda em caráter inicial) podem auxiliar na concepção desses aspectos dos ecossistemas digitais de aprendizagem, criando uma rede educacional que realmente pode se integrar às comunidades.
Experiência pessoal:
Como coordenador de curso e do Núcleo de Extensão em uma instituição de ensino superior brasileira, deixo abaixo algumas demonstrações de projetos que temos realizado junto à sociedade em prol da curricularização da extensão. São vídeos de ações desenvolvidas em conjunto com professores e alunos para atender a demandas da sociedade e incentivar a pesquisa acadêmica com foco em situações reais (projetos de agricultura digital com robótica, desenvolvimento de aplicativos para uma campanha de prevenção ao suicídio, design de infraestruturas tecnológicas para pequenas clínicas médicas, tudo desenvolvido no ano de 2020 durante a pandemia e ensino remoto emergencial).
Castells, M. (2003) A Sociedade em Rede. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, Vol. 1, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Magalhães, L. H. (2020). Reflexões Regulatórias para o Ensino Superior. Unifil: Londrina.
Moreira, J. A., Henriques, S., Barros, D., Goulão, F., & Caeiro, D. (2020). Educação Digital em Rede: Princípios para o Design Pedagógico em Tempos de Pandemia.Coleção Educação a Distância e eLearning. Lisboa: Edições Universidade Aberta. https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/9988
Schlemmer, E.; Moreira, A. (2019). Modalidade da Pós-Graduação Stricto Sensu em discussão: dos modelos de EaD aos ecossistemas de inovação num contexto híbrido e multimodal. Educação Unisinos, https://doi.org/10.4013/edu.2019.234.18205.
Tendo como base as duas bibliografias anotadas de Downes (2007) e Fiedler (2011) e suas disposições sobre os Personal Learning Environments (PLEs), foi realizada um reflexão sobre o meu próprio PLE. Contudo, identifiquei que mais referências eram necessárias a fim de encontrar tanto modelos de referência já testados e parametrizados quanto outras definições que ajudassem a elucidar ainda mais os conceitos em torno do tema. Nesse sentido, a definição de Dron e Bhattacharya (2011), ao definirem um PLE como um conjunto de aplicações interoperáveis que, juntas, formam um ambiente de aprendizagem para o indivíduo, auxiliou numa melhor concepção sobre como se proceder. A ideia de ressignificar ferramentas já conhecidas e conectá-las numa rede combinada de recursos e pessoas torna a ideia de Web 2.0 e de aprendizagem em rede mais claras. Entretanto, nas pesquisas realizadas alguns desafios foram surgindo. O primeiro deles foi e...
"Uma pessoa importa?" Com essa questão, o professor Dr. Ricardo Fragelli (2019) discorre sobre como as práticas educativas e, sobretudo, avaliativas com as quais estamos acostumados(as) excluem diversos estudantes todos os anos. Um raciocínio simples explica como isso acontece: tomemos como exemplo o índice de reprovação em uma disciplina de determinado curso de graduação. Se esse índice estiver, digamos, em 70% é comum o consideramos muito alto e empreendermos esforços para compreender e sanar os problemas que podem estar ocorrendo. Contudo, se esse índice cai para 10% ou 5%, talvez o consideremos normal. Porém, independentemente do número, 70% ou 5%, quem são essas pessoas por trás desses números? Por que reprovam? Ou por que não conseguem um bom desempenho no curso? Muitas podem ser, claro, as respostas para essas perguntas, mas Fragelli (2019), em aulas com turmas extremamente cheias, quase trezentos alunos, em uma disciplina co...
No diagrama a seguir, foram selecionadas algumas ferramentas digitais disponíveis online para criar e-portefólios/e-portfólios. Basta clicar em cada um dos ícones para acessar o site correspondente.
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